Ricardo Amorim diz que guerra de tarifas favorece economia goiana

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O economista, Ricardo Amorim, esteve na capital na última sexta (09), a convite da FGR incorporações. Falando a uma plateia formada por cerca de 3 mil corretores de imóveis, especialista demonstrou como o mercado imobiliário irá ficar ainda mais aquecido a atual conjuntura

Goiás está na rota de um grande crescimento econômico impulsionado pelo agronegócio. Esse setor, nos próximos anos, deve abrir um enorme corredor de oportunidades graças à atual configuração da geopolítica global. Nesse cenário, o mercado imobiliário pode — e deve — aproveitar esse momento promissor. Essa foi, em resumo, a principal mensagem da palestra realizada pelo economista e jornalista Ricardo Amorim. O evento contou com uma plateia de cerca de três mil corretores de imóveis de Goiás.

Atualmente considerado o economista mais influente do Brasil, segundo a revista Forbes, Ricardo Amorim também é ex-integrante da bancada do famoso programa Manhattan Connection. Ricardo Amorim esteve em Goiânia na última sexta-feira (09), onde palestrou para milhares de profissionais do mercado imobiliário. O auditório do Centro de Convenções da PUC Goiás ficou completamente lotado durante o evento. Ele veio à capital a convite da FGR Incorporações, que organizou o encontro como parte de um evento especial. A palestra foi uma das atrações do meeting de apresentação do Jardins Grécia, novo lançamento que celebra os 40 anos da incorporadora.

“Nesse momento em que vivemos uma economia, é hora de pegarmos o que tem de melhor no Brasil e a partir daí vermos o que temos de cenário econômico nos próximos meses e, claro, como isso impacta no mercado imobiliário. Então o Ricardo com todo seu know how, com toda a sua vivência vem trazer dados e informações para preparar ainda mais todos esses milhares de corretores parceiros, que ajudarão os consumidores a tomar uma decisão com segurança”, destacou Camila Alcântara, diretora comercial, de marketing e relacionamento com o cliente da FGR.

Geopolítica em jogo: como o cenário global abre espaço para o agro brasileiro

Explicando de forma clara — e muitas vezes com uma boa dose de humor — Ricardo Amorim mostrou como diversos movimentos no atual e conturbado cenário da geopolítica global têm beneficiado a economia brasileira. Apesar da mais alta taxa de juros dos últimos 20 anos, o país se mantém aquecido e acelerado, o que surpreende muitos analistas. Além disso, ele detalhou como importantes decisões tomadas em diversos outros países estão contribuindo — e ainda vão contribuir — para o crescimento do PIB brasileiro. Isso inclui, por exemplo, a geração de empregos e a atração de investimentos estrangeiros.

Um desses movimentos externos, que segundo Amorim deve abrir várias e grandes oportunidades para o Brasil, especialmente para o setor agropecuário, é a guerra tarifária iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa disputa comercial, voltada principalmente contra a China, vem alterando o cenário global e criando espaço para que o Brasil se destaque em áreas estratégicas. Ricardo Amorim também avaliou como um erro estratégico do ex-presidente Donald Trump a decisão de taxar as importações de países da Europa.

Segundo ele, essa medida acabou favorecendo o avanço do tão esperado acordo comercial entre o Brasil e a União Europeia — uma oportunidade gigantesca para o agronegócio brasileiro. Além disso, devido à pressão interna de empresários americanos e aos primeiros efeitos negativos causados pela guerra tarifária, o governo dos Estados Unidos decidiu recuar. Como resultado, anunciou na última segunda-feira um acordo com a China. Embora esse acordo não elimine completamente as tarifas, ele representa um alívio significativo na disputa entre os dois países.

Mas se os Estados Unidos perdem com essa decisão errada de Donald Trump, é o Brasil, e principalmente o agronegócio no Centro-Oeste é que tem grandes chances de ganhar.

Brasil no centro do jogo: agro e Goiás prontos para liderar

“Se a China não irá comprar soja, milho e carne dos Estados Unidos, qual é o outro grande produtor de alimentos no mundo para quem eles e outros países irão olhar? Brasil. Essa guerra tarifária também joga o mercado europeu no nosso colo, mesmo com a resistência protecionista da França”, apontou o economista.

Em sua palestra, Ricardo Amorim destacou que o agro brasileiro está preparado para atender à alta demanda gerada pelas novas oportunidades que estão surgindo. Segundo ele, o país possui tecnologia, métodos de alta produtividade, abundância de água doce e, principalmente, terra disponível para o plantio.

“No agro o que mais você precisa para plantar mais? Terra. E 40% das terras disponíveis para plantio do mudo estão no Brasil, sendo que por aqui a maioria desse percentual está no Centro-Oeste, onde está também Goiás”, afirmou Amorim durante a sua exposição.

E, por falar em Goiás, para o economista e jornalista, o estado tem ainda um potencial ainda maior de se dar bem frente a essas novas oportunidades de negócios que surgem diante do atual cenário econômico global.

“Para este ano, a safra aqui no estado será 8% maior, e a pecuária também irá crescer. Então se no ano passado tivemos uma queda de safra e uma queda de preços internacionais, neste ano vai ser justamente ao contrário. Haverá alta de safra e alta de preços, justamente em função dessas atuais configurações da economia global”, destacou.

Efeitos no mercado imobiliário

Essa pujança do agronegócio repercute no mercado imobiliário que, mesmo com a alta de juros no País, tem se mantido aquecido. Para o especialista, o setor permanece aquecido, mesmo com juros altos, porque o Brasil ampliou significativamente sua massa salarial nos últimos anos. Além disso, a média dos salários cresceu de forma real e rápida, superando a inflação e fortalecendo o poder de compra da população.

“O número de pessoas empregadas nos últimos quatro anos aumentou em 22 milhões. Além disso, o poder de compra do brasileiro continua subindo apesar da alta da inflação. Os salários estão subindo mais rápido do que a inflação. Com isso, um grande número de famílias têm uma sobra de dinheiro mensal e a demanda no mercado imobiliário no Brasil inteiro continua forte. Sendo aqui em Goiás, ainda mais por causa do agronegócio e outros setores econômicos no estado, como o comércio, que vão muito bem obrigado”, salientou o economista.

Mesmo com a diminuição dos recursos bancários para financiamento — resultado direto do atual cenário de alta na taxa básica de juros do País — o setor não parou. Segundo Ricardo Amorim, as próprias empresas do mercado imobiliário encontraram alternativas para enfrentar esse contexto desafiador. Como solução, muitas delas lançaram suas próprias linhas de financiamento, garantindo a continuidade dos negócios e o acesso ao crédito para os consumidores.

“Num cenário como esse, em que uma Selic alta encarece os financiamentos bancários, aí temos a importância de se ter crédito por parte da incorporadora, para garantir a compra”, disse, ao mencionar como exemplo a própria linha de crédito da FGR Incorporações, que oferece planos com até 40 anos para quitação.

Ricardo Amorim lembrou que os movimentos de elevação e queda de juros são cíclicos, e em sua análise, o Banco Central do Brasil já tem dado sinais de que o ciclo de alta dos juros está no fim ou bem perto disso.

“Com o fim desse ciclo de alta, teremos uma oferta maior de crédito, desta vez por parte dos bancos, e com isso mais gente comprando”, destacou,

Mas com o mercado imobiliário no país ainda aquecido e se construindo tanto, há risco de uma “bolha imobiliária”? Para Ricardo Amorim, essa possibilidade no Brasil é remota e ele explicou porque.

“Numa pesquisa que fiz com números das 50 maiores economias mundiais, levando em consideração o quanto representa percentualmente o total de construção em relação ao PIB. Com 7,4% do nosso produto interno bruto, o Brasil é a segunda entre as 50 economias onde se tem menos construção. Isso significa que o Brasil vai e pode construir muito mais, porque nós temos ainda déficit habitacional e a quantidade de construção ainda está muito aquém da necessidade, então a tendência é de aumentar o mercado imobiliário, sem risco de bolha imobiliária”, explicou o economista à plateia.

Ricardo Amorim diz que guerra de tarifas favorece economia goiana
Ricardo Amorim diz que guerra de tarifas favorece economia goiana

Créditos das Fotos: Marcos Júnior

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