A presença de peças autorais, idealizadas por profissionais que tornam o mobiliário uma forma de expressão da sua arte, denotam a força do design, em especial o brasileiro, e surgem na composição dos espaços como elementos de admiração e sofisticação
Na decoração dos ambientes, muito se fala sobre a expressão de estilo e escolhas que, com a composição exata, revelam a identidade e as preferências do seu morador. E na sinergia averiguada com maestria pelos profissionais de arquitetura, há sempre o ponto alto de um item que figura com o seu protagonismo – caso do design assinado de móveis.
“Uma peça com esse calibre exibe muito além daquilo que nossos olhos enxergam em um primeiro momento. O design autoral de um sofá, uma poltrona ou uma mesa, por exemplo, traz em sua profusão a inspiração artística, o refinamento estético, a alta qualidade e a certeza que se trata de um item atemporal”, verbaliza a arquiteta Vanessa Paiva, do escritório Paiva e Passarini Arquitetura.
Segundo sua sócia, a também arquiteta Claudia Passarini, a inserção de um móvel assinado em um projeto não é fruto de uma escolha aleatória. Pelo contrário, trata-se da síntese do gosto pessoal do cliente, da atenção às formas e do desejo de transmitir admiração por aquele elemento específico. Além disso, há o entendimento de que determinada poltrona representa não apenas sua funcionalidade e viés decorativo, mas também um valor perene, capaz de atravessar gerações.
“Um item com esse refinamento deixa de ser apenas uma poltrona para ser chamada pelo nome de batismo criado por autor. E isso diz muito sobre a compreensão do nosso cliente sobre a relevância de tê-la como acervo”, sintetiza Claudia.

A assinatura está relacionada apenas aos mobiliários?
Uníssonas, as arquitetas respondem que não. Ainda que um móvel se torne mais vistoso, o conceito engloba itens diversos como um tapete. Sobretudo, elas dizem que o design autoral deve entrar com um item que valoriza o visual e o lado funcional.
“Cada peça precisa ter um motivo para estar ali, seja pelo desenho, pela história ou o afeto que ela desperta. Nosso papel é estabelecer esse equilíbrio entre beleza, propósito e acolhimento”, afirmam Vanessa e Claudia.
Veja mais ambientes produzidos pelas profissionais do escritório Paiva e Passarini Arquitetura com peças assinadas:
Mesa de centro
Apreciadoras do design, as arquitetas Vanessa Paiva e Claudia Passarini devotam sua apreciação aos nomes brasileiros já consagrados por décadas e profissionais expoentes que seguem na ativa com suas obras. Na elaboração desse amplo living, elas elegeram a Mesa de centro Litoral, idealizada pela designer e artista brasileira Jacqueline Terpins, lançada em 2022. Feito em madeira folha, o tampo com formas elípticas remete aos pilares modernistas presentes em regiões litorâneas do Brasil. Além disso, suas curvas se conectam poeticamente às marcas deixadas pelas ondas ao avançarem sobre a areia.
Considerada uma das peças mais aclamadas do acervo criado pelo arquiteto e designer polonês naturalizado brasileiro, a mesa de centro Pétalas carrega um forte valor histórico. Isso porque, ela é datada de 1959, ano em que Jorge Zalszupin lançou sua marca autoral, a L’Atelier.

Poltrona
Entre as escolhas das arquitetas Vanessa Paiva e Claudia Passarini, destaca-se a generosa poltrona Mole, assinada por Sergio Rodrigues e datada de 1960. Desde então, especialmente após o júri premiar a peça no ano seguinte no Concurso Internacional do Móvel de Cantu, na Itália, ela ganhou reconhecimento internacional. Além disso, conquistou prestígio como uma das maiores referências do design modernista brasileiro. No cantinho do living, é um convite ao conforto, tal qual a inspiração do seu criador, a partir de uma rede indígena.
Na área social integrada, a sala de estar e o living são separados pelo sofá ilha, em um tom terroso acolhedor. Além disso, para complementar o espaço dedicado aos visitantes, as arquitetas Vanessa Paiva e Claudia Passarini escolheram duas poltronas Soft, de Arthur Casas. Essas peças se destacam pela aparência orgânica do couro e pelas lâminas de madeira que promovem a sustentação, conferindo um toque sofisticado ao ambiente.

Design e durabilidade: uma união que vale o investimento
Outro aspecto valorizado pelas arquitetas é a durabilidade emocional e física dessas escolhas. “As peças autorais têm esse poder: elas permanecem e atravessam gerações sem perder relevância ou afeto”, diz Claudia.

Créditos das Fotos: Xavier Neto