Diagnóstico precoce da Esclerose Múltipla preserva qualidade

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Transplante de células-tronco e terapia com células CAR-T são tratamentos promissores no combate à Esclerose Múltipla, que atinge muito mais mulheres do que homens 

A esclerose múltipla é uma condição autoimune que afeta o sistema nervoso central e que ainda não tem cura, embora os avanços nos tratamentos venham garantindo mais qualidade de vida e controle dos sintomas para os pacientes. Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência média da esclerose múltipla no Brasil é de 8,69 casos por 100 mil habitantes. A doença é mais comum em mulheres, com uma proporção de duas a três vezes mais casos do que em homens. 

De acordo com o Dr. Vicente Mamede, médico neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Além disso, um acompanhamento adequado contribui significativamente para evitar sequelas. A esclerose se manifesta, inicialmente, quando o próprio sistema imunológico passa a atacar a mielina. Essa substância, por sua vez, reveste os neurônios e é responsável por garantir a condução adequada dos impulsos nervosos. Esse ataque resulta em surtos inflamatórios que podem afetar diferentes áreas do sistema nervoso central, como os nervos ópticos, além de áreas motoras e sensoriais.

“Os sintomas variam de acordo com a região acometida, mas os mais comuns incluem perda de visão, dor ao mover os olhos, fraqueza muscular, alterações na sensibilidade e formigamentos”, explica. 

O diagnóstico da esclerose múltipla é clínico, baseado na presença das crises e confirmado por exames de imagem como a ressonância magnética, além de análise do líquor (fluido cerebral), que pode indicar atividade imunológica incomum. Os tratamentos atuais têm envolvido imunomoduladores e imunossupressores que atuam diretamente no sistema imunológico. Entre as abordagens mais promissoras estão o transplante de células-tronco e a recente terapia CAR-T, que reprograma as células de defesa do paciente para atacar as células autorreativas responsáveis pelos danos. 

Mesmo sem formas diretas de prevenção, estudos apontam que manter níveis adequados de vitamina D, especialmente na adolescência e no início da vida adulta, reduz o risco de desenvolver esclerose. Fatores genéticos também exercem influência, mas a doença resulta de uma combinação entre predisposição genética e gatilhos ambientais. O estresse, por exemplo, pode desencadear ou agravar crises em virtude da liberação de hormônios que afetam negativamente a imunidade. 

Acompanhamento multidisciplinar 

Por ser uma doença que impacta diversas funções do organismo, o acompanhamento multidisciplinar é essencial. Além do neurologista, os pacientes frequentemente precisam de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos para lidar com limitações motoras, fadiga, alterações de memória e até incontinência.

“A esclerose múltipla mexe com a estrutura pessoal e familiar. O apoio psicoterapêutico ajuda o paciente a lidar com os desafios da rotina de tratamento e manter a adesão terapêutica”, reforça o especialista. 

Quando o diagnóstico é precoce e o tratamento adequado é iniciado logo nos primeiros surtos inflamatórios, muitos pacientes conseguem manter uma vida ativa e funcional. No entanto, em casos em que o diagnóstico é tardio, há risco de sequelas permanentes, como perda de força, problemas de visão, alterações de sensibilidade e fadiga crônica. 

A conscientização sobre os sinais da doença e o acesso rápido ao diagnóstico são fundamentais para garantir mais qualidade de vida aos pacientes.

“Quanto mais cedo iniciarmos o tratamento, maiores são as chances de preservar a função neurológica e garantir a autonomia do paciente”, finaliza.

Diagnóstico precoce da Esclerose Múltipla preserva qualidade
Foto: Freepik

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