Cigarro eletrônico: especialistas alertam para riscos

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Disfarçado de moderninho, o cigarro eletrônico vem atraindo jovens e causando danos sérios à saúde

No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, especialistas soam o alerta sobre os perigos cada vez mais presentes do tabagismo — agora impulsionado pelo avanço dos cigarros eletrônicos entre os mais jovens. Dessa forma, os impactos à saúde provocados pelo fumo — em suas mais diversas formas — continuam alarmantes e crescentes.

De acordo com inquérito da SES-GO divulgado em 2023, um a cada oito goianos é fumante, o que representa 13,1% da população. Em comparação, esse índice supera a média nacional, que é de 9%, revelando um cenário mais preocupante em Goiás. Além disso, a prevalência é maior entre os homens (15,5%) do que entre as mulheres (10,7%).

Outro dado relevante é o uso de aparelhos eletrônicos para fumar ou vaporizar: 4,6% da população relatou o uso, com destaque para a faixa etária entre 18 e 24 anos, onde o número chega a 16%. Vale destacar que o levantamento foi feito por telefone com mais de cinco mil adultos entre janeiro e abril do ano passado.

Do ponto de vista médico, o tabagismo pode causar cerca de 50 doenças, incluindo problemas respiratórios, cardiovasculares e diversos tipos de câncer em diferentes partes do corpo. Entre os mais comuns, estão os cânceres de pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga.

Segundo o pneumologista Matheus Rabahi, do Hospital Mater Dei Goiânia:

“O cigarro é um dos principais fatores de risco para doenças respiratórias e cardiovasculares. Mesmo com a redução no número de fumantes, os danos causados pelo tabagismo ainda são alarmantes”.

Vape: porta de entrada para o vício

Um dos motivos de preocupação crescente entre os médicos é o uso de cigarros eletrônicos — os chamados vapes ou pods — que vêm conquistando adolescentes e jovens adultos com sabores adocicados, embalagens coloridas e a falsa ideia de menor toxicidade. Vendidos como “alternativas menos nocivas”, esses dispositivos muitas vezes contêm ainda mais nicotina do que os cigarros convencionais, além de substâncias tóxicas que afetam diretamente os pulmões.

“Estamos enfrentando uma nova geração de dependentes”, alerta Rabahi.

“O apelo visual e a sensação enganosa de segurança fazem com que muitos adolescentes iniciem o uso do vape muito cedo, comprometendo a saúde pulmonar antes mesmo da vida adulta”, completa.

Estudos recentes já identificaram nos usuários de vapes sinais de doenças pulmonares graves, inflamações nas vias respiratórias e aumento no risco de desenvolver dependência química precoce. Além disso, o uso contínuo desses dispositivos pode ser um passo direto para o cigarro tradicional.

DPOC: consequência silenciosa

Entre os diversos males causados pelo tabagismo está a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), enfermidade irreversível que afeta a respiração e reduz drasticamente a qualidade de vida. A DPOC engloba condições como bronquite crônica e enfisema pulmonar e tem como principal causa a exposição contínua à fumaça do cigarro — seja ela ativa ou passiva.

Os sintomas mais comuns incluem falta de ar progressiva, tosse crônica, chiado no peito e cansaço constante. A DPOC avança silenciosamente e, em muitos casos, só é diagnosticada em estágios avançados, quando os pulmões já sofreram danos permanentes.

“É uma doença debilitante, que compromete a capacidade de realizar atividades simples do dia a dia e pode evoluir para necessidade de oxigênio contínuo”, explica o especialista.

Fumar afeta todo o corpo

Além das doenças mais graves, o cigarro compromete visivelmente a saúde bucal, provocando mau hálito, escurecimento dos dentes, maior risco de infecções gengivais e câncer de boca. Como se não bastasse, as unhas podem ficar amareladas, e a pele perde o viço, acelerando o envelhecimento. Em consequência disso, em muitos casos, o fumante enfrenta também perda do paladar, cansaço crônico e queda da imunidade.

Fumantes passivos — pessoas que não fumam, mas convivem com a fumaça — também enfrentam riscos reais à saúde. A exposição ao fumo pode aumentar em até 30% a chance de desenvolver câncer de pulmão, além de estar associada a doenças cardíacas e respiratórias. A asma, por sua vez, é agravada em pacientes fumantes, e crianças expostas ao fumo têm risco maior de desenvolver a doença.

Benefícios da cessação do tabagismo

A boa notícia é que parar de fumar é possível — e vale a pena. Em 20 minutos, a pressão arterial começa a normalizar. Após 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue retorna ao normal. Em poucas semanas, a função pulmonar melhora e a circulação sanguínea se fortalece.

“Nunca é tarde para parar de fumar. Os benefícios para a saúde são significativos em qualquer idade, e a qualidade de vida melhora consideravelmente”, reforça Matheus Rabahi.

Para aqueles que desejam parar de fumar, buscar ajuda médica especializada, contar com acompanhamento psicológico e integrar grupos de apoio podem fazer toda a diferença. Felizmente, muitos goianos já venceram esse vício, e cada vez mais pessoas estão provando que parar é possível. Afinal, quem não conhece alguém que conseguiu largar o cigarro e hoje respira aliviado?

Cigarro eletrônico: especialistas alertam para riscos

Créditos das Fotos: Acervo do Hospital Mater Dei

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